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  • Foto do escritorNayara Vilarinho

Não é sobre tentar, é sobre fazer ou não fazer.

“Eu vou tentar, Nayara!” Essa costuma ser uma das frases que mais escuto no consultório. Normalmente ela aparece quando proponho alguma tarefa com vistas a criar ou ampliar repertórios comportamentais, para que dessa forma os objetivos terapêuticos sejam alcançados e o paciente aprimore seu potencial.


Essas “tarefas de casa” da terapia são formas práticas e ativas de promover mudanças e por isso mesmo são recebidas muitas vezes com uma certa desconfiança por parte dos pacientes. Mudar assusta, ações que levam a mudança costumam ser evitadas, ignoradas, adiadas… Por isso a resposta habitual é um honesto “prometo que vou tentar”, como quem se esquiva de uma experiência difícil, que desafia o terreno conhecido.


Uma variação frequente do “vou tentar” é a constatação de que “Ah, mas é muito difícil!” E inegavelmente, costuma ser difícil mesmo, por isso a pessoa não faz e ao não fazer também não enfrenta o que é difícil e por consequência não evolui ou se afasta de viver e acessar coisas que lhe são valorosas.


Mas como o espaço da terapia é propriamente o lugar do enfrentamento destas dificuldades, o estímulo é para ação comprometida com a melhora que se espera alcançar. Contrariamente, o “vou tentar” tem uma qualidade passiva que já flerta com o fracasso, que é sim uma das consequências possíveis quando nos propomos a fazer algo novo, porém, quando baseamos nossas escolhas em tentativas já estamos nos protegendo de eventuais decepções, de não obter o resultado esperado .


De fato, ter êxito não é uma certeza, mas muitas vezes por achar que não vai dar certo, que não vamos conseguir ou que é muito difícil, nos propomos a tentar já vislumbrando que será mais uma tentativa frustrada de movimentar o corpo, se alimentar melhor, mudar de carreira e tantas outras coisas que almejamos e que nos deixariam mais satisfeitos com nós mesmos. Daí começamos algo e não terminamos, procrastinamos, desistimos mais uma vez… Acabamos concluindo que “não tem jeito”.


Tentar é um compromisso frágil e parcial com as suas escolhas, que acaba sabotando o seu engajamento com aquilo que você quer e precisa alcançar. Envolve de cara uma "indisposição para” um “vou ver” que enfraquece seu potencial de ação.

Fazer é se entregar por inteiro, é estar disposto para encarar o desconhecido, é agir em compromisso com suas escolhas, sem ser controlado pelas consequências de um eventual fracasso. Por isso não tente, faça ou não faça! E se você não conseguir atingir aquilo que se propôs, você terá agido de forma comprometida com o que é significativo para você e certamente terá orgulho de si mesmo por isso.

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