Não é incomum, em nossas relações, silenciar o que sentimos, pensamos e tolerar o que nos causa insatisfação para evitar conflitos, "brigas" : "Deixa pra lá, não vale a pena brigar por isso." Acontece que se essa falta de posicionamento se torna um padrão de comportamento frente a pequenos e grandes aborrecimentos, após um tempo, você terá "se deixado pra lá", se perdido de você mesmo e da sua verdade.
Posicionar-se é uma forma de se manter vivo nas relações e na vida! Quando nos calamos - de fato podemos evitar uma briga com o outro - mas daí começamos uma amarga e ressentida briga com nós mesmos: "Droga! Eu devia ter falado que não gostei, que me senti mal com o que aconteceu". Além disso, quando nos posicionamos a questão se torna visível, pode ser esclarecida, certamente estaremos lidando com ela e com nossos sentimentos, e não fugindo ou evitando experiências que podem transformar as nossas relações e a nós mesmos. O ponto aqui não é a provável consequência de brigar, mas sim pensar em como posso me expressar, me posicionar, ainda que o outro não goste do que falei ou discorde de mim.
Pessoas excessivamente compassivas, cordatas e que se definem como sendo "da paz" ou "não gosto de briga" costumam calar o que sentem e pensam, tendem a concordar com tudo, já que assim acreditam que estão agradando e se sacrificando pelo outro. Mas o que acontece quando esse outro não corresponde aos agrados e sacrifícios? Fatalmente essa pessoa se sentirá ressentida pela falta de reciprocidade. Afinal, acredita-se que o outro deveria saber o que fazer para que ela fique bem, já que ela faz tudo por ele... Não! Não deveria e não deve. Primeiro, porque se sacrificar é uma escolha pessoal e muitas vezes não é algo exigido. E depois, ninguém tem uma linha direta para as vontades e necessidades de alguém, é preciso comunicá-las e parar de "deixar pra lá" o que é importante para si mesmo.
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